A globalização, sem dúvida é muito bem vinda. Necessária.
Sou um cidadão urbano, adoro a metrópole esse seu toque cosmopolita. Gosto de usufruir de suas benesses, mas as vezes a sensação que tenho, é a de que fizeram uma xerox e repassaram para todas as paisagens ao redor do planeta. Tudo está ficando com a mesma cara. O sósia da cópia. Roupas, mobiliário, lugares, lojas, prédios, casas e…até as pessoas!
Lembro-me que quando criança, estudava na escola, os povos, os países, seus hábitos, os lugares pitorescos, seus usos e costumes. Era bacana e muitas vezes, até esquisito, constatar a diversidade que rolava pelo mundo. Hoje, acho que este capítulo deve ter sido abolido do currículo escolar . Todos vestem as mesmas roupas, frequentam os mesmos lugares, que por sua vez, são bem parecidos entre si. Conversam sobre os mesmos assuntos, almejam as mesmas coisas…Se soltarem alguém num Shopping Center, então, pode ser aqui, ali ou em qualquer lugar. Quanto mais iguais, mais sensação de segurança. Aliás as lojas e os cinemas de rua, estão cada vez mais raros . As calçadas são estreitas. As ruas estão vazias. Mas esse é um outro assunto que esbarra em questões mais complexas.
Houve um tempo em que as próprias cidades de um mesmo país, tinham sua identidade. São Paulo, era diferente de Itu, que era diferente de Campinas que era diferente de Varginha. Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina, então nem se fala. Só faltavam falar em outro idioma. Nostalgia? De modo algum, apenas um tanto assustado com a ” uniformização” !
Este projeto, em Singapura, feito pelo Studio ONG&ONG, muito legal por sinal – concreto aparente, madeira, volumetria harmônica, elementos arquitetônicos marcantes, mas sem querer desmerecer pergunto: Onde está a originalidade? Poderia ser em Sampa, Rio de Janeiro , Bogotá, Hong Kong, California, ou… em qualquer lugar. Acho que já vi algumas variações sobre este tema por aqui mesmo.
Utilizei esta casa como exemplo na arquitetura, como poderia ter usado qualquer outra obra, ou suporte para ilustrar a minha reflexão sobre originalidade, quando estive recentemente na Trigésima Bienal Internacional de Arte de São Pulo e me deparei com a obra do fotografo holandês Hans Eijkelboom. Ele retrata as ruas de diferentes cidades do mundo identificando padrões estéticos para criar suas séries de imagens. Em meio ao caos das ruas, nas grandes cidades, o artista confronta noções de identidade e a relação entre individualidade e coletividade.
Um trabalho sensacional, sem dúvida, que deve ser visto com atenção, mas confesso que me deu uma certa angústia em ver na repetição de imagens das fotos, como as pessoas estão perdendo um pouco de sua originalidade. Tudo se repete, as roupas, os adereços. Dá para identificar, inclusive, a qual classe social pertencem e a profissão de cada um.
Sei que sou mais um nessa procissão, se bobear pirigas até de eu aparecer numa foto, mas confesso que saí de lá com essa questão de perda de individualidade, martelando a minha cabeça.
Será que somos mesmo todos iguais, ou uns são mais iguais do que os outros?
Alguém pode me dizer onde foi parar o charme do mundo? O meu brother aí do outro lado do espelho que diga-se, é a minha cara, está me perguntando isso incessantemente!